15 de outubro de 2013

Shows: Black Sabbath - Apoteose (Rio de Janeiro - 13/10/2013)

Faço aqui um agradecimento ao meu amigo Filipe Souza, pela gentileza de ceder sua resenha para nós do "Blogando". Visitem o maior portal especializado em Metal do Brasil ... www.metalzone.com.br
Henrique Linhares
 
O calor e o sol castigaram a capital carioca durante o dia. No início da tarde uma multidão se aglomerava em frente da Apoteose, que é o berço do carnaval carioca, onde as escolas de samba se apresentam. Só que naquele domingo seria diferente. As plumas e paetês foram substituídos por um batalhão de camisas pretas. As idades variavam entre adolescentes e jovens senhores. Todos se aglomerando para entrar, e mesmo não esgotando os ingressos o show contou um publico estimado por volta de 50 mil pessoas.


Assim como em São Paulo e Porto Alegre a abertura do show ficou por conta do Megadeth, que veio na turnê do seu mais recente disco de estúdio, o “Super Colider” lançado em 2013. Por causa do transito caótico da cidade, que abrigava além desse show ainda rolava na orla de Copacabana a Parada Gay. O que contribuiu para dar um nó no transito e dificultando o tráfego de quem vinha da zona Sul para o centro, muita gente se atrasou para o show.

Ainda com boa parte do público entrando, às 19h o Megadeth, capitaneado por Dave Mustaine já subiu no palco chutando o estômago dos fãs com “Hangar 18”. Mesmo com o setlist caprichado e tocando apenas uma música do fraco Super Colider, a banda levantou o público nos clássicos e em músicas nem tão conhecidas como “Sweating Bullets”. Entre o desfile de clássicos o grupo fuzilou o público com: Wake Up Dead, Symphony of Destruction, Tornado of Souls, Peace Sells, She Wolf, In My Darkest Hour e fecharam a apresentação com Holy Wars.

 
Mesmo compreendendo que abrir um show requer um setlist curto e ao mesmo tempo impactante, me decepcionou a banda não ter tocado nada do Youthanasia, esperei ansiosamente que tocassem Train of Consequences ou Reckoning Day, mas não. Já que tocariam duas músicas do Countdown do Extinction, poderiam ter optado apenas por Symphony of Destruction e descartado Sweating Bullets, que não é tão conhecida de um público mais generalizado.

Com uma simpatia ímpar e muito sorridente Dave Mustaine agradeceu o público distribuiu paletas e sorrisos. Quando os outros integrantes saíram do palco, Dave continuou e ainda brincou simulando uma air guitar. E não há duvida da competência e técnica que o cara exibe. Mesmo sem a mesma voz de dez anos atrás, o Megadeth deu muito bem o seu recado e ainda é uma das mais importantes e fundamentais bandas do estilo. O grupo estava coeso e cada integrante cumpriu muito bem o seu papel. Mustaine prometeu voltar em breve ao Rio de Janeiro. Estamos esperando!


Enquanto os técnicos desmontavam o palco do Megadeth uma cortina preta desceu e o grande momento finalmente havia chegado. O cenário estava pronto, sirenes anunciavam a entrada dos criadores, os mestres, os três senhores que juntos mudaram a história da musica. Eu poderia escrever páginas e mais páginas enaltecendo a importância dos três senhores que subiram nesse palco. Daquele ponto em diante presenciaríamos um momento mágico e talvez único nas páginas da história do Metal.

Não cabia mais gente na Apoteose, e quando os acordes de “War Pigs” começaram. Senti que fui teletransportado para outra realidade. O som estava perfeito, o baixo do Geezer Butler era estrondoso e achei que fosse abrir uma cratera e engolir a pista. Tony Iommy super concentrado em seus riffs que construíram vários capítulos na história da música. E Ozzy é icônico e um capítulo a parte, carismático o cantor tem o público na mão o show inteiro. Ele pede para que gritem e o publico grita, pede para que ergam as mãos e a plateia incendiada obedece.

A segunda musica da noite “In to the Void” seguida de “Under the Sun”, canções que são meio Lado B, mas que fizeram um ótimo trabalho ao vivo. O público já estava na mão da banda e um clássico fez estremecer a Apoteose: Snowblind!

Foi com “Black Sabbath” que eu simplesmente congelei. Enquanto a parte inicial da musica era entoada, olhei para uma igreja em estilo gótico a uns três quarteirões da apoteose e já fui viajando embalado pela musica. E bem que os sinos da igreja podiam tocar junto com a música. Enfim... Coisas de fã.

E diretamente de 1970 dois clássicos: Behind the Wall of Sleep e N.I.B. provaram que musica não envelhece. É hipnotizante o poder que N.I.B teve sobre o público. Uma massa de pessoas que se tornou uniforme pulava e agitava os braços. O público repetia os gestos de Ozzy como se estivessem hipnotizados ou presos em um sonho que quase nenhum dos presentes imaginaria que um dia pudesse acontecer.

Foi com End of the Beginning que os dois mundos do Sabbath colidiram. O passado e o presente em um cataclismo sonoro sem igual. O publico foi presente em todas as canções.

E com uma sequencia com mais três clássicos do álbum Paranoid, que quase foi executado na íntegra, a banda mandou Fairies Wear Boots, Rat Salad e Iron Man, com direito a um solo magistral de Mr. Geezer Butler.

Os três membros originais do Sabbath estavam bem confortáveis e carismáticos, todos a sua maneira. Era Ozzy o mais atirado! Brincava todo o momento com o público. Saiu correndo pelo palco com um morcego de borracha preso nos dentes, provavelmente jogado por fã


Antes de começar alguma musica Ozzy emitia um som estranho, era um “ou-ou” parecido com um passarinho cuco. Inicialmente o publico ignorou, mas como isso se repetia os fãs passaram a repetir o som do cantor, que rindo soltou um sonoro: - I’m fucking crazy! O que levou a multidão aos risos. Os baldes de água, que são característicos das apresentações do cantor não faltaram. Ozzy parecia benzer o publico com cada balde de água jogado sobre eles.

O animalesco baterista Tommy Clufetos, que já tocou com Alice Cooper, Ted Nugent, Rob Zombie e com o próprio Ozzy, deu um show de técnica e personalidade. Com seu visual anos 70 e a lá John Bonham o batera levantou o publico em seu solo de bateria. E olha que eu detesto solos de bateria.



Uma música que para mim foi inesperada e me pegou de surpresa foi Dirty Woman do Technical Ecstasy (1976). Gosto muito desse som, mas poderia ter sido facilmente substituída por Never Say Die, já que parte do material promocional da banda e a exposição da capa na camisa do Robert Downey Jr, que interpreta do homem de ferro, tornou Cult essa tour e o disco. E também foi a última tour do Ozzy com o Black Sabbath em 1978, ou seja, 35 anos atrás.

Fechando a apresentação nada menos do que Children of the Grave para fulminar os presentes e demolir a Apoteose.

Mas não tinha acabado. Não assim tão fácil. O público carioca, como de costume, timidamente chamava o nome da banda.

Para quem não sabe a palavra Apoteose é usada quando queremos dar status de divindade ou endeusar um ser graças a alguma qualidade. E a divindade Sabbathiana estava no local exato para isso!


Fechando a noite os acordes de Paranoid reverberaram pela Apoteose terminando de lavar a alma de quem ainda incrédulo pulava e cantava com as ultimas energias.


A apresentação apoteótica do Black Sabbath fechou o ano com chave de ouro e ainda proporcionou aos presentes, seja os velhos guerreiros de shows, a molecada mais nova e quem estava ali pela primeira vez, uma experiência única e que talvez não se repita.

Foi uma noite mágica, apocalíptica e ao mesmo tempo libertadora para os novos e velhos fãs de um estilo musical que caminha sobre a Terra há mais de 50 anos. E que passou durante esse tempo por subdivisões celulares criando novos gêneros, todos oriundos do Heavy Metal, mas que possuem apenas um DNA chamado: BLACK SABBATH!

Isso mesmo, em letras garrafais!


Setlist:

War Pigs
Into the Void
Under the Sun
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave

Bis:
Paranoid
(Sabbath Bloody Sabbath Intro)



Crédito das Fotos: Néstor J. Beremblum / T4F

Resenha: Filipe Souza (MetalZone)
www.metalzone.com.br 



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