27 de março de 2013

Discografia Comentada - Judas Priest (Parte I: Reinventando o Metal moderno)

Começando mais uma nova seção no "Blogando". Discografias comentadas, e para iniciar, vou homenagear a minha banda do coração Judas Priest.


Considerada, com muitos méritos, uma das bandas mais influentes no mundo do Heavy Metal, o Judas Priest faz jus ao nome que recebeu nos seus longos anos de estrada ... Metal Gods.

Tudo começou nos primórdios de 1969, quando Al Atkins (vocais), K.K.Downing (guitarras), Ian Hill (baixo) e John Ellis (bateria) formaram uma banda, em homenagem a uma música de Bob Dylan chamada "The Ballad Of Frankie Lee And Judas Priest" batizaram o grupo como Judas Priest, nasce aí a lenda. Atkins e Ellis não demoraram muito a abandonar o navio, dando a lugar a Rob Halford assumindo os vocais e John Hinch nas baquetas, pouco tempo depois uniu-se também à banda o guitarrista Glenn Tipton, a entrada de Tipton no Priest revolucionou a NWOBHM, pois foi a partir deste momento que surgiram as guitarras dobradas no Metal, uma marca da banda e que foi extremamente imitada pela maioria das bandas britânicas. O Judas Priest foi a primeira banda a unir o peso e a temática violenta criados pelo Black Sabbath, à velocidade de grupos como Led Zeppelin, foram responsáveis também pela adoção de roupas de couro e adereços de metal cromado ao visual das bandas de Metal.


Rocka Rolla (1974)

Com esta formação lançam no ano de 1974 pela gravadora Gull Records seu primeiro álbum "Rocka Rolla", o disco foi produzido por Rodger Bain, produtor dos três primeiro álbuns do Black Sabbath. "Rocka Rolla" tem uma sonoridade bem típica das bandas de Rock do início dos anos 70, entre suas 10 faixas se destacam "Rocka Rolla" e "Never Satisfied", este trabalho não foi muito bem recebido pela crítica da época, e confesso que se torna interessante como ítem de colecionar.


Sad Wings Of Destiny (1976)

Logo após o lançamento de "Rocka Rolla" o baterista John Hinch larga a banda, para seu lugar é recrutado Alan Moore, e no ano de 1976 o álbum "Sad Wings Of Destiny" é lançado. Este trabalho é considerado um épico do Judas Priest, realmente um disco que marcou época, "Sad Wings Of Destiny" foi o grande passo para a entrada do grupo no mundo totalmente Heavy Metal, é impossível comentar este disco sem ressaltar a voz marcante de Rob Halford que começa a ganhar tom neste trabalho, um bom exemplo desta afirmação é a canção "The Ripper", junte-se a ela também a clássica "Victm Of Changes", não se pode falar do CD sem citar também as sensacionais "Tyrant", "Genocide", "Island Of Domination" e "Dream Deceiver". Este foi o último disco lançado pela Gull Records, cansados pela falta de apoio da gravadora os músicos assinaram contrato com a Columbia Records.


Sin After Sin (1977)

Em 1977 é lançado "Sin After Sin", já pela gravadora Columbia Records, novamente o posto de baterista é ocupado por um novo membro, desta vez quem assumiu as baquetas foi Simon Philips, na época com 19 anos. Com "Sin After Sin" a banda aparece pela primeira vez nas paradas inglesas, com clássicos como "Sinner", "Starbreaker" e "Dissident Agressor", neste ábum gravam "Diamonds And Rust" cover da cantora Joan Baez, e que se encaixou com perfeição na voz de Halford.


Stained Class (1978)

O álbum seguinte "Stained Class" foi lançado em 1978, nele também a banda conta com um novo baterista Les Binks, nesta época o Judas Priest já era considerado uma banda bastante influente, é notória a trasição do Hard Rock para o Heavy Metal tradicional, pois a banda carrega um peso maior nas suas músicas, "Exciter", "Savage", "Beyond The Realms Of Death" são excelentes canções. É também neste álbum que surge uma das maiores polêmicas em torno da banda, o grupo é acusado pelo incentivo ao suicídio de dois jovens através da música "Better By You, Better Than Me", os membros da banda foram julgados e nada foi provado contra eles, apesar disso, este escândalo marcou definitivamnte a trajetória da banda.


Killing Machine (1978)

A verdade é que a banda soube usar muito bem toda a mídia em torno do processo judicial e no mesmo ano lançam "Killing Machine" (nos E.U.A. o disco foi lançado com o nome "Hell Bent For Leather"), pela primeira vez desde a sua formação o mesmo baterista participa da gravação de dois discos, este álbum consolida de vez o Judas Priest nas paradas inglesas, "Killing Machine" é um CD com características mais comerciais, apesar disso continua com os temas obscuros dos trabalhos anteriores. "Delivering The Gods", "Hell Bent For Leather" e "Running Wild" são os grandes destaques deste lançamento.

Unleashed In The East (1979)

Enfim em 1979 lançam seu primeiro álbum ao vivo "Unleashed In The East", uma vez ouvi um amigo dizer que você só conhece verdadeiramente uma banda quando a ouve ao vivo, e Judas Priest ao vivo é energia, força e magnetismo puro, riffs que já eram excepcionais ao vivo ficam perfeitos e Halford é uma das vozes mais incríveis e possantes que o mundo da música pesada conhece, em "Unleashed In The East" estão clássicos da banda como "The Ripper", "Sinner", "Diamonds And Rust", "Tyrant" e "Victim Of Changes", um disco que não pode faltar em nenhuma coleção de respeito.

British Steel (1980)

Em 1980, O Judas Priest não conta mais com Les Binks na bateria, em seu lugar entra Dave Holland, neste ano lançam o sensacional "British Steel", considerado por muitos o álbum mais influente do Metal mundial na época, com "British Steel" alcançam pela primeira vez uma grande repercussão mundial, e criam um dos riffs mais perfeitos do Heavy Metal, os acordes de "Breaking The Law" são simplesmente espetaculares! mas não para por aí, o disco é recheado de clássicos como "Metal Gods", "Rapid Fire", "Grinder", "United" e a incrível "Living After Midnight", um álbum clássico e extremamente influente até os dias de hoje.

Point Of Entry (1981)
 
O nome Judas Priest já era sinônimo de Heavy Metal de qualidade, seu estilo era copiado por inúmeras bandas que estavam surgindo e seus shows lotavam estádios. No ano de 1981 lançam o álbum "Point Of Entry", agora com uma formação estabilizada, novamente o disco faz muito sucesso, é bem verdade que não pode ser comparado ao trabalho anterior que é extremamente acima da média, músicas como "Don't Go" e "Heading Out To The Higway" são sucessos imediatos, considero "Hot Rockin" a melhor música do álbum, extremamente pesada, com riffs simples e sensacionais e um Halford muito agressivo em seus vocais. Ao que parece o Judas Priest se consolidava como um dos principais nomes do Heavy Metal mundial. 


Screaming For Vengeance (1982)

Em 1982 o Judas Priest atinge o auge da carreira internacional com o lançamento do clássico "Screaming For Vengeance", uma aula de Heavy Metal, com alguns dos riffs mais fantásticos do estilo, a instrumental "The Hellion" abre o disco nos preparando para a furiosa "Electric Eye" e sem nos deixar respirar prosseguem com "Riding On The Wind", mas o CD não fica apenas nisso, temos ainda a esmagadora "You've Got Another Thing Coming" e também "Bloodstone" extremamente precisa em seu peso. Os deuses do Metal existem e se chamam Judas Priest! 


Defenders Of The Faith (1984)

Ainda colhendo os frutos de "Screaming For Vengeance" lançam no ano de 1984 "Defenders Of The Faith", aquele que na minha opinião é um dos ábuns mais fantásticos da banda, K.K. e Tipton se transformaram em máquinas de riffs espetaculares e Halford em uma das vozes mais possantes do Heavy Metal. "Defenders Of The Faith" é um dos álbuns da banda que contém o maior número de clássicos, estão aqui "Freewheel Burning", as pesadíssimas "Jawbreaker" e "The Sentinel", e também "Rock Hard Ride Free", "Love Bites", "Eat Me Alive" e "Some Heads Are Gonna Roll", uma das características de "Defenders Of The Faith" é ter uma sonoridade pesada, rápida e ao mesmo tempo harmônica. E como num trecho da música "Jawbreaker" o Judas Priest se torna "mortal como uma víbora".

Turbo (1986)

Tudo caminhava perfeitamente bem, até que os músicos da banda resolveram fazer inovações em seu som, o resultado foi catastrófico. No ano de 1986 a banda Judas Priest lança seu disco mais polêmico "Turbo", nele tudo era diferente a começar pelo visual, foram-se as roupas de couro e adereços de metal e o que se viu foi um guarda-roupas que fugia completamente as características originais da banda, entretanto as mudanças não terminaram aí, a sonoridade do Judas passou a ser discaradamente comercial com uma mudança radical também na temática de suas letras, e como se não bastasse incorporaram sintetizadores às guitarras. É bem verdade que "Turbo" teve uma imensa vendagem, mas esta foi movida pelos excelentes álbuns anteriores, "Turbo" não foi bem aceito pela crítica e nem pelos fãs. Algumas músicas até que são legais como "Turbo Lover", "Private Property", "Rock You All Around The World" e "Out In The Cold", mas como eu disse são apenas músicas legais. É um disco que precisa ser ouvido muitas vezes para se gostar, pois foge bastante às características da banda. 


Priest ... Live! (1987)

O estrago já estava feito, e cabia unicamente a banda recuperar seu prestígio junto aos fãs e ao cenário mundial, e o melhor modo encontrado foi o lançamento em 1987 de seu segundo álbum ao vivo "Priest ... Live!", nesta CD estão boa parte dos grandes clássicos da banda como "Metal Gods", "Breaking The Law", "The Sentinel" e "Electric Eye" e também algumas canções do álbum "Turbo", confesso que ao vivo a sonoridade de algumas delas ficou bastante interessante como em "Out In The Cold" e na própria "Turbo Lover". O Priest provou, que apesar de tudo ao vivo ainda era perfeito, Halford com um vocal afiadíssimo, K.K. e Tipton com guitarras extremamente pesadas (e utilizando os sintetizadores), e o suporte seguro de Hill no baixo e Holland na bateria trouxeram um novo fôlego ao grupo. "Priest ... Live!" demonstrou que a banda não havia sucumbido ao comercialismo total, mas ainda faltava reconquistar os fãs.


Ram It Down (1988)
Em 1988 retornam com "Ram It Down", uma clara tentativa de voltar às suas origens, um bom disco se o compararmos a seu antecessor "Turbo", mas muito abaixo dos clássicos anteriores. Muitos fãs olharam com uma certa desconfiança para este trabalho quando souberam que haveria um cover para "Johnny B. Goode" de Chuck Berry, não achei que a música ficou tão ruim assim, outras boas canções são "Ram It Down" com um agudo incrível de Halford, "Heavy Metal" bem pesada, "Come And Get It" e "Blood Red Skies", Mas a banda não conseguiu retornar ao posto de grande nome no mundo do Metal, ainda faltava a verdadeira essência do antigo Judas Priest.

Painkiller (1990)
Após um longo período com a formação estabilizada o Priest sofre uma nova baixa, o baterista Dave Holland deixa a banda, para seu lugar é recrutado Scott Travis, foi aí que o Judas Priest que todos conheciam reencontrou a fórmula do verdadeiro Heavy Metal. Em 1990 lançam o super aclamado "Painkiller", para mim a obra-prima do Judas Priest, "Painkiller" é rápido, violento e moderno. Scott Travis se apresenta com a mais sensacional introdução de bateria que já ouvi em minha vida na música "Painkiller" seguida por um agudo fantástico de Halford, que aliás está simplesmente insuperável, feroz, com o vocal mais agressivo que já utilizou em um disco do Judas, "Hell Patrol" da sequência ao CD continuando todo o massacre sonoro que não para em "All Guns Blazing", "Leather Rebel" e "Metal Meltdown" continuam com riffs e velocidade excepcionais, em seguida a fantástica "Night Crawler" e a fora de série "Between The Hammer And The Anvil" com riffs maravilhosos, outra canção excelente é "A Touch Of Evil" menos veloz e rápida, mas extremamente pesada. Enfim, "Painkiller" foi a volta por cima do Judas Priest e um cala boca àqueles que diziam que a banda havia acabado. Em 1991 tocam no Brasil no Rock In Rio (eu estava lá ... foi FODA!!!) e em 1992 Rob Halford surpreende o mundo da música anunciando sua saída da banda para montar o Fight, mas isso é assunto para a segunda parte desta discografia. Até lá.


Henrique Linhares


7 comentários:

  1. O Judas Priest é a banda de metal mais importante de todos os tempos. Sou fanático pela banda, amo os albuns Painkiller, British Steel, Defenders Of The Faith, Screaming For Vengeance e Angel Of Retribution. Os shows são muito bem realizados com setlist impecáveis, a presença de palco dos integrantes é maravilhosa... Adoro todos os membro da banda, especialmente K.K. Downing. Ele é meu ídolo maior na guitarra.. Um show que particularmente eu considero esplêndido é do dvd Rising In The East, onde a banda reuniu grandes clássicos neste dvd, Exciter é um exemplo perfeito de que o Judas é uma máquina de metal... Viva o Judas Priest.. Scott Travis é um monstro tocando bateria, Ian Hill um deus, Rob Halford e Glenn Tipton são músicos que vieram de outro mundo, são perfeitamentes os melhores no que fazem.. Tenho orgulho em ser um Priestmaniaco...

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    1. Valeu Raul, muito bacana o seu comentário, e concordo com cada palavra sua, bom saber que temos o mesmo bom gosto. Um abraço.
      Henrique Linhares

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  2. Raul, naum discordo do q vc disse, Judas estah no Hall dos Deuses e eh das minhas 3 bandas prediletas de todos os tempos junto do Maiden e Saxon q eu considero como a "Santa Trindade Máxima" do Britsh Heavy Metal e do planeta, embora eu tenha mais afinidd com o Maiden.
    No entanto, o Saxon desde 1997 estah a todo vapor e dando um banho de musicalidd tto no Judas e Maiden como um todo no cenário metal..

    Judas Rising... Up the Irons...Saxon Metal Thunder!

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    1. Obrigado pela participação Raul, e parabéns também pelo excelente gosto musical.

      Henrique Linhares

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  3. Posso garantir que conheço muita gente que prefere o Turbo á muitos outros discos da banda, eu particularmente acho ele muito melhor que Point of Entry e Rocka Rolla.

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    1. Esse albúm é criticado por muitos, mas eu confesso que eu curto quase todas as música do Turbo, exceto "Out in the Cold". Mesmo tendo uma sonoridade que destoa do que o Judas Priest fez anteriormente gostei muito desse, porém o meu favorito é a obra-prima Defenders of The Faith, esse é espetacular!

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  4. Depois do Sabbath e do Iron, Judas é a melhor e mais importante do genero !!!

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