13 de janeiro de 2014

HQ: Frank Miller, um novo mundo para os quadrinhos


Filho de uma enfermeira e um carpinteiro / eletricista, é o quinto de sete irmãos. Criado em Montpelier, Vermont, Miller tornou-se desenhista profissional e trabalhou para diversas editoras, incluindo a Gold Key, a DC Comics e a Marvel Comics. Nos anos recentes tem desenvolvido atividades junto a cineastas de renome tais como Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, do qual resultou o filme Sin City e 300, ambos cópias fiéis de obras em quadrinhos.

Começou a desenhar muito jovem, colaborando para muitos fanzines. Em seguida, passou a trabalhar como freelancer para diversas editoras, inclusive a DC e a Marvel Comics. Nesta última, passou a chamar atenção depois de uma história de duas edições do "Incrivel Homem-Aranha", que chocou os fãs do aracnídeo ao mostrar um Justiceiro com capacidade de antecipar os movimentos do herói (até então tidos como imprevisíveis) e que não o assassinou apenas por se convencer de que o mesmo não era um criminoso (nessa cena ele desenha o Homem-Aranha de forma que aparentasse ser um adolescente tolo saltitante qualquer).

Ganhou o posto de desenhista regular nas histórias do personagem "Daredevil" ("Demolidor" no Brasil) onde logo assumiu também o papel de escritor. Em colaboração com o arte-finalista Klaus Janson, Miller atraiu um número crescente de fãs, foi aclamado pela crítica e conseguiu o respeito da indústria de quadrinhos. Durante seu trabalho em "Demolidor", Miller criou a coadjuvante ninja assassina Elektra, o personagem com o qual ele foi mais associado nessa fase de sua carreira.

Desde então, sua visão do Demolidor, direcionada a um público mais adulto e exigente, permaneceu como a dominante, se estendendo inclusive à adaptação cinematográfica de 2003, que assimilou diversos elementos das histórias de Miller.


"A Queda de Murdock", considerada pelos críticos a melhor história do Demolidor e uma das melhores histórias em quadrinhos já escritas, foi escrita por Miller e desenhada por outro destacado artista, David Mazzuchelli. Nesta saga, Miller transportou Matt Murdock para um mundo realista, repleto de gângsters, prostitutas, assassinos profissionais e diversos outros elementos assustadores do submundo. O sucesso foi tão estrondoso que seus sucessores nunca mais desviaram o famoso personagem desta linha iniciada por Miller. Ele também redefiniu um dos principais vilões das histórias do Demolidor, o Rei do Crime, tornando-o mais inteligente, estrategista e sombrio, que se escondia por trás do disfarce de um empresário rico e honesto, enquanto controlava e chantageava políticos, policiais, jornalistas e militares. Como se não bastasse, Miller terminou com a historia de que o Capitão América seria o único sobrevivente do projeto americano de super-soldados, introduzindo o personagem Bazuca, uma espécie de refugo deste projeto (único sobrevivente dentre inúmeras tentativas de "recriar" o projeto de super-soldados), que acaba enfrentando o Demolidor na sequência final da saga.

Mais tarde, essas criações inspiraram a reformulação do Batman, que também tornou-se mais sombrio e dirigido a um público mais adulto, assim como antes feito com o Demolidor.


Em 1982, desenhou a mini-série Wolverine, escrita por Chris Claremont.
Em 1993, ele escreveu a mini-série "Demolidor: o homem sem medo", desenhada por John Romia Jr. contando a origem do Demolidor em um estilo mais cinematográfico e realista. Frank também é conhecido por produzir trabalhos na categoria propriedade-do-autor. "Ronin", uma história samurai de ficção científica foi a primeira de inúmeras parcerias com sua ex-esposa Lynn Varley. Miller se revezava entre retomar (e redefinir) íconesbem conhecidos como Batman e o Demolidor (Daredevil) e criar obras como "Give Me Liberty" com Dave Gibbons e "Hard Boiled" com Geoff Darrow. Sin City é seu primeiro trabalho totalmente solo, uma série de histórias sobre o crime feitas em preto e branco publicadas pela Dark Horse Comics. A colorista Lynn Varley colaborou na maioria de suas obras, incluindo "The Dark Knight Returns" (pt: O Retorno do Cavaleiro das Trevas, br: O cavaleiro das trevas) e em Os 300 de Esparta, de 1998.


O trabalho provavelmente mais conhecido de Miller, dentro e fora da indústria de quadrinhos, é "The Dark Knight Returns", um conto sombrio de Batman situado em um futuro próximo. Mostrava Batman como um vigilante violento e de certo modo sem escrúpulos, fugindo do campo cômico da série de TV dos anos 60 estrelada por Adam West no papel do super-herói. Nesse trabalho também redefiniu o perfil psicológico de alguns vilões clássicos o Coringa e o Duas-Caras, e acabou para sempre com a amizade cordial com o Super-Homem, mostrando-o como um personagem reacionário e distante. Tem como amigo uma espécie de hippie alucinado (Arqueiro Verde) mas sua principal aliada é uma menina que assume Robin (Jason Todd já havia morrido na história mas não na cronologia normal. No entanto, a trama de Miller também decretou o fim do personagem, morto sem piedade pelo Coringa em Batman: A Death in The Family depois de uma enquete realizada junto aos leitores). Seguiu-se a continuação Batman: The Dark Knight Strikes Again (2001, br: O cavaleiro das trevas 2).


Assim como já ocorrera com o Demolidor, a interpretação de Miller do Batman dominou o personagem por quase duas décadas, influenciando a versão cinematográfica de Tim Burton em 1989 e graphic novels como "Batman: The Killing Joke" (no Brasil "A Piada Mortal") de Alan Moore e "Arkham Asylum" de Grant Morrison.


Para o cinema, Miller começou escrevendo roteiros para filmes, sendo os mais notáveis Robocop 2 e Robocop 3. Depois deste último, o autor teria afirmado que nunca mais deixaria Hollywood fazer adaptações de suas histórias, decepcionado por praticamente nenhuma de suas ideias chegar às versões finais dos filmes (embora seu nome fosse proeminentemente destacado nos créditos). Mais tarde Miller trabalharia com a Dark Horse Comics, que é dona dos direitos do personagem Robocop, e fez sua própria versão em quadrinhos de Robocop 3. A posição de Miller em relação às adaptações cinematográficas mudaria depois que Robert Rodriguez (diretor de El Mariachi) mostrou-lhe um curta-metragem baseado em um dos contos de Sin City — filmado sem o conhecimento do autor. Miller teria ficado tão satisfeito com o resultado que aceitou adaptar Sin City para o cinema. O filme foi co-dirigido por Rodriguez e Miller, tendo Quentin Tarantino como diretor especialmente convidado de uma das cenas do filme, utilizando fielmente a sequencia dos quadrinhos e o jogo de luzes e sombras dos desenhos de Frank Miller (que faz uma ponta como um padre).

Depois do sucesso dessa experiência, foi filmado 300, baseado na sua obra em quadrinhos Os 300 de Esparta. Em 2008 Miller dirigiu The Spirit, baseado no famoso personagem de Will Eisner.


 

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