Discografia Comentada - Judas Priest (Parte III: Novamente ... Judas Priest!)

Judas Priest com Tim “Ripper” Owens é uma banda boa, mas não é a mesma ... isto é fato! Tim Owens é um excelente vocalista, agressivo e seguro, mas a banda mudou muito as suas características nos trabalhos lançados após a saída de Halford e nem de longe se parece com a mesma que foi capaz de criar algo fenomenal como “Painkiller”. Após o lançamento de “Live In London” muitos boatos começaram a surgir sobre um possível retorno de Halford, mas os integrantes da banda sempre desconversavam quando diretamente questionados sobre este assunto.

Em 2004 finalmente o que antes era boato se torna realidade, e o Judas Priest oficialmente anuncia a volta de Rob Halford aos vocais, estava novamente reunida uma das formações mais pesadas e agressivas da banda e do próprio Heavy Metal tradicional.



Angel Of Retribution (2005)

A voz da banda estava de volta, uma das formações  mais Metal da banda estava novamente reunida, enfim a normalidade estava voltando ao reinado do Judas ... será mesmo?

Em 2005 é lançado mundialmente "Angel Of Retribution" o tão aguardado disco de retorno de Halford ao Priest, o CD teve uma grande repercussão e vendagem, na minha opinião mais pelo fato da volta do "Metal God" do que propriamente pela qualidade musical.

"Angel Of Retribution" mostra um Priest tentando (novamente) voltar a ocupar o seu lugar no mundo das grandes bandas, em parte eles conseguem, lá estão os riffs fantásticos de K.K. e Tipton, está também o baixo preciso de Ian Hill e a bateria feroz e extremamente técnica de Scott Travis, mas os vocais de Halford não são mais os mesmos, em alguns momentos temos a clara impressão de que ele está cansado, raramente arrisca seus famosos agudos e passa boa parte do tempo com um alcance médio de seu potencial vocal, a faixa "Judas Rising" é a evidência destas observações, "Worth Fighting For" e "Wheels Of Fire" são canções bastante previsíveis, "Revolution" é um apelo descarado ao comercialismo, mas nem tudo é marasmo, "Hellrider" é sem sombra de dúvidas uma das melhores canções da banda desde "Painkiller", os duetos desta música são foda de bons, "Eulogy" apesar das exageradas referências aos clássicos do grupo também chama a atenção e por fim "Lochness" com seus 13 minutos e uma belíssima harmonia vocal.

Judas Priest para mim é a maior banda de Heavy Metal do planeta, sou extremamente suspeito para falar deles e de Rob Halford, mas é evidente demais que a banda não chega a sombra do que foi em seu glorioso passado e que "Angel Of Retribution" é um típico CD de reunião de uma banda que está visando muito mais o lado financeiro.



Nostradamus (2008)

Quando Rob Halford retornou ao Judas Priest a banda tinha tudo para dar a volta por cima, era simples, seu lendário vocalista estava novamente na ativa com o grupo, bastaria que fizessem o que sempre souberam fazer com maestria e o fracasso da passagem de Tim Owens pelo Judas seria esquecido. Ao invés disso lançaram o fraco e previsível "Angel Of Retribution", o próximo passo lógico a ser tomado seria lançar um CD que realmente estivesse ao nível do Judas Priest ... eu disse seria!

Em 2008 o Judas Priest tenta inovar e lança o álbum duplo "Nostradamus", pela primeira vez lançam um trabalho conceitual. Totalmente centrado no vidente e alquimista francês, "Nostradamus" é pretensioso e muito complexo, em alguns momentos parece até trilha sonora para filmes baseados nos livros do escritor J.R.R.Tolkien, um trabalho que tenta ser grandioso, sinfônico, épico, mas que esbarra em um conceito já extremamente batido. Muitas canções são boas, mas realmente soam muito estranhas para fãs mais radicais da banda, você por exemplo não ouvirá nada semelhante a "Electric Eye" ou ""Jawbreaker", e acho que era extamante isto que a maioria dos fãs da banda esperava com o retorno de Rob Halford. "Nostradamus" é um CD que precisa ser ouvido muitas vezes para ser corretamente compreendido, existem canções boas nele, não é o fato de o som estar distante de suas raízes que o tornará de todo ruim, "Prophecy" é uma destas músicas que chamam a atenção, gostei muito da participação de Halford nesta faixa, e os riffs são bastante interresantes, "Death" também é bem legal, e novamente Halford se destaca, "Visions" faixa do CD 2 é bem pesada e apresenta duetos interessantes, para finalizar a faixa título "Nostradamus" bastante rápida com guitarras cortantes, com certeza a melhor música do CD.

 Apesar de tudo que foi dito o nome Judas Priest deve ser respeitado sempre, prova disso é que este CD alcançou a 11ª posição na Billboard 200, a melhor posição alcançada por um álbum da banda na parada americana.



A Touch Of Evil: Live (2009)

Uma verdade nunca morre, uma banda só é realmente grande, quando consegue trazer para seus shows todo o seu poderio, e o Judas Priest é enorme neste sentido. No dia 14 de julho de 2009 o CD "A Touch Of Evil: Live" é lançado, trata-se do 5º álbum ao vivo da banda, o CD foi gravado durante as turnês de 2005, 2008 e 2009 da banda, neste trabalho conseguimos sentir que o verdadeiro espírito do Judas Priest ainda existe, e que a chama do Metal jamais se apagara nestes "jovens senhores".

Entre as faixas do CD existem muitos destaques, "Hellrider" está perfeita e ao vivo soa ainda mais pesada, temos na sequência também "Between The Hammer & The Anvil" com seus riffs arrasadores e "Riding on The Wind" Heavy Metal puro e sincero, as canções "Death" e "Prophecy" do CD "Nostradamus" ao vivo também adquirem um ar muito pesado e um resultado excelente e é claro que não poderia faltar "Painkiller" a música mais porrada da banda. Com o CD "A Touch Of Evil: Live" a banda ganha em 2010 o prêmio Grammy na categoria de Melhor Performance de Metal com a música "Dissident Agressor".

Em 2011 o guitarrista K.K.Downing deixa a banda, sendo recrutado para seu lugar Richie Faulkner como 2º guitarrista e neste ano fazem sua tour de despedida dos grandes shows mundiais.

Judas Priest é referência mundial em se tratando de Heavy Metal, muito do que se ouve hoje se deve a estes caras, e honestamente espero que este não seja o fim desta história.

Henrique Linhares