Ser vocalista de uma banda de Rock pesado, seja qual for o seu estilo, não é uma missão nada fácil. Ao contrário do que muitos possam imaginar, não basta apenas sair berrando furiosamente por aí para que você realmente seja considerado um vocalista, ainda mais se você quiser ser um bom frontman, se destacando neste concorrido universo. A música pesada evoluiu muito desde os seus primórdios, e ainda continua em pleno processo de evolução, mas uma coisa é imutável e é de fundamental importância para o sucesso de uma banda ... o seu vocalista! Afinal de contas a voz é o cartão de visitas e a imagem principal de qualquer banda.
E já que o assunto é vocalista, hoje nós do “Blogando” temos o prazer de conversar com Mario Pastore, um dos melhores vocalistas de Metal do Brasil, e dividimos este papo com vocês nossos leitores.
BM - Mário, você já participou de bandas como Acid Storm, Tailgunners e Delpht, atualmente está na banda Pastore, esta por sua vez já lançou 2 ótimos CDs “The Price For The Human Sins” em 2010 e “The End Of Our Flames” em 2012, ambos tendo recebido críticas extremamente positivas tanto no Brasil como em outros países, você poderia fazer uma comparação de sua evolução entre as bandas anteriores e seu momento atual?
Pastore - Acredito que essa evolução é algo natural, hoje faço um tipo de som que tem a ver mais com a minha voz, e como tenho muitos anos cantando minha voz amadureceu mais e acredito que hoje posso fazer varias coisas com ela. Fora ter uma produção mais apurada como foi nos dois CDs solo.
BM - Seu talento e capacidade vocal são indiscutíveis, tanto que já recebeu vários elogios como por exemplo quando Roland Grapow (ex Helloween) o comparou a Michael Kiske, entretanto aqui no Brasil, seu país, com raríssimas exceções, não lhe reconhecem como deveriam, por este motivo já se sentiu, ou se sente, desestimulado com a música? E vou mais além na pergunta, já pensou em se mudar de país para trabalhar com música onde realmente tenha seu valor reconhecido?
Pastore - Sim isso aconteceu no tributo ao Helloween em 2002 feito pelo jornal Rock News, o Grapow me disse que lembrou os bons tempos com o Kiske, fiquei muito feliz e de vez em quando ainda nos falamos. Eu muitas vezes desanimo sim com a música, mas minha popularidade e número de fãs tem crescido, eu as vezes penso sim em ir embora porque com certeza teria mais campo para atuar, mas vamos ver o que pode acontecer com os próximos lançamentos que gravei e gravarei.
Mário Pastore e Roland Grapow |
BM - O espaço que se dá na mídia especializada para o Metal é muito pequeno aqui no Brasil, canais como a MTV, Bis e VH1 dedicam muito pouco tempo em suas grades de programação à música pesada, e este espaço que já é limitado é ainda menor em relação a bandas brasileiras, sua banda tem dois ótimos vídeos “Far Away” e “Brutal Storm” e eu só tive acesso a eles via youtube, como você analisa esta total falta de apoio ao Metal em nosso país? Estamos condenados a ouvir Funk até o fim dos nossos dias?
Pastore - Infelizmente é difícil mesmo, as emissoras não abrem espaço para a música pesada, e muitos fãs não querem pagar 30 reais para ver uma banda nacional e pagam 300 para ver uma banda gringa, o popular como o Funk e outros gêneros nacionais dão grana e levam público que é o povão que quer beber e pular e não estão nem aí para a qualidade do artista então é difícil mudar, só se muita gente começar a prestigiar bandas nacionais aí sim pode acontecer uma virada.
BM - E o cenário no Brasil, como você vê o cenário aqui hoje?
Pastore - Como eu disse acima o povo em sua grande maioria não apoia bandas nacionais, em muitos casos critica, não temos muitos bons espaços de shows, muitas bandas de qualidade, e o que é difícil também é que o público está se tornando banda e aí querem competir com quem já fazia isso há tempos. Mas quem sabe a coisa melhora.
BM - O Rock In Rio é considerado hoje o maior evento de Rock do planeta, entretanto até mesmo nele (um evento que por sua própria nomenclatura sugere que teremos muitos shows de bandas de Rock), teremos a participação de artistas como Claudia Leitte por exemplo. Gostaria de saber se na sua opinião isto é positivo ou é um fator que desmotiva as bandas que realmente deveriam estar sendo privilegiadas neste evento.
Pastore - Sim acho que num festival com esse nome JAMAIS deveriam ter artistas de Axé e outros gêneros nada a ver, mas sempre foi assim e como citei o apelo popular fala mais alto então não tem jeito, desanima mesmo, mas paciência.
BM - Sua voz é incrível, e você tem uma facilidade muito grande para usar graves e agudos com muita segurança, considero você um vocalista na essência da palavra. O que você acha desta leva de vocalistas que andam aparecendo por aí? É impressão minha ou boa parte deles são meras “montagens” de estúdio?
Pastore - Agradeço muito pelo comentário e vejo muita gente de real talento, mas tem sim muitos caras que só se garantem em estúdio e esses se portam com arrogância, eu os chamo carinhosamente de “pavões do Metal” ... rsrsr, mas deixa pra lá.
BM - Voltando a banda Pastore, quais os planos da banda atualmente? Vocês já tem material para um novo CD?
Pastore - O Pastore voltou a ser meu trabalho solo e tenho uma nova equipe muito talentosa, 2 guitarristas fantásticos Ricardo Baptista (Laudany) e Derli Pontes (Ex Illustria), Marcelo de Paiva bateria que substituía o antigo batera, e meu irmão e braço direito e um ótimo baixista Adriano Carvalho (Ex Holly Sagga), estamos trabalhando já o material novo no estúdio do Derli e logo teremos novidades, estamos todos muito felizes e é uma nova fase e uma equipe de verdade unida pela vitória.
BM - Apesar da falta de apoio, o público que gosta de Metal é fiel, o que os seus fãs significam para você?
Pastore - Meus fãs significam tudo pra mim, significa que minha luta valeu a pena e que tenho que ir em frente. Eles são o motivo de eu estar aqui após tantos anos.
BM - Você é também professor de canto, teria algum conselho para aqueles jovens (ou não) que gostariam de aprender a cantar de verdade?
Pastore - Tenho sim, procurem aprender de verdade, não procurem por quem promete transformá-los no Bruce Dickinson em meses, isso é picaretagem, respeitem quem os ensina mesmo quando não estiverem mais estudando, e ponha o ego em último lugar, torne-se um bom vocalista e tenha gratidão e humildade.
BM - Uma última pergunta, você é praticante de artes marciais, estes conhecimentos o ajudam de alguma forma, além é claro do preparo físico, em suas atividades como músico?
Pastore - Sim me ajudam muito, se meus desafetos resolverem me atacar ... rsrs, mas não pretendo machucar ninguém ... rsrs, mas estou com 45 anos e treinei muitos anos Judô, Karatê e Kung Fu e agora estou para pegar a faixa preta de Aikido, e ajuda muito sim, tenho bronquite e isso me condiciona.
BM - Mário, agradeço a sua atenção, e confesso aqui que sou fã do seu trabalho, te admiro muito não apenas pela sua competência vocal, mas também por você ser uma pessoa esclarecida e que não se cala, o “Blogando” é um espaço aberto a você e sua banda sempre que quiserem. Gostaria de mandar algum recado final aos fãs de Metal que participam deste espaço?
Pastore - Eu que agradeço o carinho e espaço Henrique e realmente não temo falar o que penso, e não estou nem aí pra quem não gosta ... rsrs, aos fãs agradeço o carinho sempre e comprem os CDs e compareçam aos shows e aguardem o EP do Yuri Fulone com meus vocais, sou suspeito mas está bem legal ... rsrs!!! Abraço galera!!!
Henrique Linhares
Henrique Linhares
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