Organismo devidamente reidratado
com algumas cervejas, era hora de encarar algo que eu já imaginava bem como
seria, e de fato não errei em meu julgamento inicial. Coube a banda brasileira
Kiara Rocks a dura missão de abrir os shows do palco Mundo neste dia, e
assistir (ou pelo menos tentar) a este show foi um sacrifício imenso, uma banda
fraca para o dia (a palavra fraca foi uma tentativa minha de ser generoso, pois
a certa seria “ruim“ mesmo), e que tentava desesperadamente parecer gringa, o
vocalista insistia o tempo todo em forçar um sotaque americanizado, a única
coisa que prestou deste verdadeiro fiasco foi a participação de Paul Di’Anno,
que mandou muito bem cantando os covers de “Highway To Hell”, “Blitzkrieg Bop”
e “Wrathchild”, no mais foi algo totalmente dispensável e até mesmo chato ...
muito chato de se ver. Reconheço aqui que os caras tiveram muita coragem de
subir naquele palco, isto por si só já merece todo o respeito, mas não minimiza
o fato de o show ter sido muito fraco e pior ainda, demonstra o total
despreparo deles para aproveitar uma chance de ouro que é estar no palco
principal deste evento. Ressalto também que está é a MINHA OPINIÃO.
Boa ação anual realizada, ou
seja, permanecer acordado durante o show da banda Kiara Rocks, iniciei a minha
preparação para o reinado de sangue que viria a seguir. Acho que não somente
eu, mas todos que estavam ali compartilhavam da mesma dúvida, como se
comportaria o Slayer após a morte de Jeff Hanneman? E não demorou muito para
que descobríssemos a resposta. A escuridão do palco Mundo se transformou num
mar de luzes vermelhas e fumaça, e com toda a fúria de “World Painted Blood”,
Tom Araya, Kerry King, Gary Holt e Paul Bostaph invadiram nossos tímpanos com o
mais brutal e perfeito Thrash Metal do mundo, simplesmente avassalador, e a
porradaria continuou com “Disciple” e a fenomenal “War Ensemble”, confesso que
nunca vi uma roda hardcore tão grande quanto a que se abriu no meio da galera,
“At Dawn They Sleep” prosseguia com a avalanche sonora, King e Holt pareciam um
só tamanho o entrosamento entre eles, Araya se divertia com as pessoas que se arriscavam a descer pela tirolesa
enquanto o show corria solto, tivemos ainda “Mandatory Suicide”, “Die By The
Sword” e “Dead Skin Mask” antes que o Slayer tocasse a sua baladinha “Seasons
In The Abyss” ... rs, no telão começaram a aparecer imagens de Hanneman que
foram acompanhadas pelas clássicas “South Of Heaven”, “Raining Blood” e a obra
prima “Angel Of Death”. Sei que muitas pessoas podem achar que faltaram muitas
outras músicas no set-list, de minha parte, qualquer elogio seria pouco para
descrever um show que começa com “World Painted Blood” e termina com “Angel Of
Death”, sendo assim, me limitarei a um único comentário ... É SLAYER porra!
A próxima atração a se apresentar
Avenged Sevenfold, na minha opinião seria a grande interrogação da noite, eu
não conhecia absolutamente nada a respeito destes californianos, e conversando
com algumas pessoas pude perceber que é uma banda que está se equilibrando
entre a tênue fronteira que separa o desprezo da adoração, a verdade é que eu não
demoraria muito para formar a minha opinião. Visualmente falando o show dos
caras é literalmente explosivo, com muita pirotecnia, bem bacana, o palco
também chamava a atenção com os seus enormes portões em chamas como na música “Sheperd
Of Fire”, me impressionei bastante com o baterista do grupo, a pegada continuou
em “Critical Acclaim”, “Beast And The Harlot”, “Hail To The King”, acalmando
apenas com as baladas “Buried Alive” e “Fiction”, e finalmente a “molecadinha”
se incendiou em “Nightmare” cantada em coro. Um show bem legal, as músicas são
boas, até pesadas, mas tive a clara impressão de que alguns riffs e ritmos
foram sugados de outras bandas. Duas observações, acho que escalar a banda
Avenged Sevenfold entre Slayer e Iron Maiden não foi uma decisão tão
inteligente assim; e os guitarristas da banda não esboçaram um sorriso sequer,
não demonstraram em nenhum momento satisfação por estarem ali, uma atitude
muito poser, quer saber fodam-se eles!
Deixando as polêmicas de lado, o
grande momento se aproximava, Iron Maiden a maior banda de Heavy Metal do
planeta estava de volta ao RIR após 12 anos, e a julgar pela quantidade de
gente usando camisetas do grupo, este seria mesmo o ápice do festival, legal
ver muitos pais com seus filhos aguardando o show da banda, gerações de fãs
apaixonados gritando em coro Maiden ... Maiden ...!!!. E os ingleses souberam
retribuir a altura tamanha demonstração de carinho, trazendo para o Brasil boa
parte da Tour “Seventh Son Of A Seventh Son” de 88, não acreditei quando aos
primeiros acordes de “Moonchild” vi aqueles blocos de gelo no palco,
sensacional! Acho que assim como eu todos os fãs deliraram, nem tive tempo para
me recompor e “Can I Play Whith Madness” já rasgava o ambiente acompanhada por
“The Prisoner” e depois ainda destruí o meu pescoço embalado pelos riffs de “2
Minutes To Midnight”, descanso merecido com “Afraid To Shoot Strangers” e Bruce
Dickinson surge no alto da geleira empunhando a bandeira da Inglaterra ... “The
Trooper” ... PQP!!! Como ele consegue cantar daquele jeito correndo sem parar?
O sexteto britânico executou ainda todos os seus clássicos, ou pelo menos boa
parte deles (dos antigos), e fez no palco tudo aquilo que já estamos carecas de
saber que vai acontecer, aí um sujeito que acha Avenged Sevenfold a oitava
maravilha do mundo diz “os caras estão velhos, estão repetindo sempre a mesma
coisa” ... meu querido, se MATE antes de sonhar em querer comparar uma porcaria
enlatada americana com a maior banda de Metal que existe, porquê se repetir e
fazer isto com total maestria somente é permitido a quem é realmente GRANDE. Falar sobre um show desta banda é como “chover
no molhado”, sendo assim resumindo a história ... Iron Maiden é Foda!!!
Henrique Linhares
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